Há pouco tempo eu havia contado sobre um pequeno incidente numa comunidade que é paralela à linha amarela. Nesse incidente, arquei com um prejuízo que não era meu. Coagido por uma arma de fogo, assumi um pequeno prejuízo cuja culpa não era minha.
Se quiser lembrar, dá uma pesquisada na parte 1.
Sim, eu sou teimoso. Hoje quase deu merda, de novo.
Olhei pro relógio e vi que horas eram: 17:45. Eu faria parte de uma banca de projeto final às 18:00. Atrasado, pensei na ansiedade dos alunos.
Estúpido, tomei a decisão novamente.
– Vou cortar caminho.
Peguei o caminho pela comunidade. Atentei-me com a perícia de um Senna. Diminui o volume da música para que nada me distraísse.
Camila Siqueira, amiga que no momento pegava carona comigo, me olhou estranho. Costumeiramente ela cantarola qualquer música que esteja tocando: axé, rock, ópera ou mesmo funk. Naquela hora, ela não compreendeu o porquê da interrupção.
Como um bravo, prossegui. Sou de irajá, ‘tô safo’. Um carro não queria deixar eu passar, passei. Um prelúdio? Um aviso?
Mais a frente, dois homens. Dei de cara com eles. Um com uma pistola na mão. O outro, segundo a Camila, um fuzil.
A Camila proferiu:
– Pablo, dá ré.
Não dava. Avaliei a situação. Eles apontaram as armas para outro carro que vinha rua transversal. Eles pareciam que iam atirar.
Encostei suavemente no canto. Não tinha o que fazer. Gelei. A melhor hipótese era se abaixar dentro do carro.
Nem fiz isso. Eles liberaram o outro carro. Imaginei, então, que seria uma “blitz”. Isso mesmo: bandido fazendo blitz.
Acendi as luzes internas, baixei o vidro. Nem me atrevi a olhar na cara do sujeito.
Passei, sobrevivi. De colateral, um início de crise de pânico. A Camila, ficou mais branca do que normalmente é.
Lembrei-me do quão estúpido eu sou. Lembrei-me do spoiler de ontem sobre uma série de TV (“Pablo Morreu”).
Lembrei do amigo Marcelo Dsr dizendo que sou pára-raios de problemas.
É amigos. De vez em quando quebra na solda.