Centro da Cidade

Centro da cidade. O relógio marca 12:00.
Após uma reunião na parte da manhã, eu tinha que “fazer hora” até o outro compromisso às 14:00.
Andei. Andei pra burro. De saúde nada privilegiada, me arrastava.. os pés doíam, a coluna gritava e alguns sentidos estavam indo embora.
Ali, numa das transversais da 1º de Março, avistei aquele lugar.
Olhei pro lado direito. Uma bela moça na porta.
Atentei o olhar para dentro e vi um estabelecimento que poderia, enfim, me reconfortar.
Tinha bons acabamentos internos e uma decoração razoável. Parecia limpo.
No entanto, vi muitos homens lá dentro com um certo ar de vergonha. Não entendi.
Entrei.. humm.. saquei. Um rapaz, vendo meu olhar atônito, tentou me tranquilizar:
– Venho aqui várias vezes no mês. Elas são ótimas.
Uma outra moça me surpreendeu tocando-me levemente nas costas, dizendo:
– Não tenha medo, você vai gostar.
Fiquei confuso. Lembrei das minhas convicções e valores.
– Eu mereço isso? Talvez.
Relutante, fui acomodado.
Fiquei preocupado, pois eu também não tinha nenhuma proteção.
Meu coração disparou e até suei. As luzes daquele salão me davam um extra-sensoriamento e eu já não agia conforme a razão.
O serviço foi prestado. Um arrependimento me acometeu. Um sentimento de culpa que eu talvez não fosse capaz de carregar sozinho.
A moça, gentilmente, perguntou:
– O Sr. Gostou?
Mais confusão mental. Sim, eu tinha gostado, mas não era errado aquilo tudo?
Como poderia, afinal, um prato de buffet self-service “à vontade” custar R$ 11,90 e ainda ser bom?
O risco valeu a pena. E nem precisei tomar um omeprazol posteriormente.

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