Em certas ocasiões

O despertador toca. Recuso-me acreditar.
Penso: por que?
Ele insiste: primmm… primmmm (não ligue para onomatopeia sem sentido)
Cansado, demoro a acordar. Demoro para pegar no “tranco”.
Contemplo o nada. Olho para uma meia que o meu cachorro roubou.
Qual sentido?
Mais um dia de trabalho. Relatórios, orientação técnica, uma discussão ali outra acolá.
Ih… tem reunião…
O dia passa… onde iremos comer? Unha suja, Rancho ou Amendoeira? Soube que no Carlitos agora tem prato executivo.
Um café, dois. Três… uma dipirona…
Morto. Mas, tenho que dar aula. Ofício de orgulho, vou para Barra.
Bato ponto. Pego um Pilot e um apagador.
Com olhos vermelhos, bebo mais um café.
Olho pela janela da sala. Dou uma respirada longa… meu desânimo é suspenso.
Vejo aqueles alunos, alguns também muito cansados. Afinal, a maioria deles tinham trabalhado o dia inteiro.
Perseverantes, estavam lá. Querem uma vida melhor.
O que eu posso fazer? Tenho que ser o melhor. Tiro de mim as últimas gotas de energia.
Falo, berro, rio e faço desafios.
Implico e complico para depois descomplicar.
Dou força, dou ânimo e digo que vai melhorar.
Em certas ocasiões dou broncas…
Em certas ocasiões eu erro…
Em certas ocasiões eu aprendo…
Em certas ocasiões eu me emociono.

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